O Jornal de Piracicaba foi fundado em 04 de Agosto de 1900, três dias após o aniversário de 133 anos de Piracicaba. Neste período, ideais progressistas dominavam um Brasil pós-abolicionista, que começava a se transformar nos campos sociais, econômicos, políticos e tecnológicos, especialmente nos setores de educação e artes.
O principal mentor do periódico diário, era o engenheiro Buarque de Macedo, proprietário da Fábrica de Tecidos Santa Francisca, que saiu de Sorocaba em 1898 para se instalar na cidade de Piracicaba como encarregado do Sindicato das Indústrias. Macedo uniu-se ao também engenheiro Alberto da Cunha Horta (gerente) e ao advogado, poeta e filósofo Antônio Pinto de Almeida ferraz (redator). A este trio coube a missão de colocar na praça um periódico diário - quatro páginas frente e verso - e concorrer com a extinta "Gazeta de Piracicaba", então com 18 anos.
A partir de 1912 o JP é adquirido por João Franco, sob o lema da imparcialidade nas notícias. Empreendedor de visão, ele fez campanhas de venda de anúncios, adquiriu o prédio na área central - na rua Moraes Barros - abriu uma papelaria e livraria e aumentou a tipografia. Franco permaneceu à frente do jornal até 1939 e como decidiu se aposentar, colocou a empresa à venda. De 1933 a 1939, o responsável pela expansão da redação foi o professor e historiador Leandro Guerrini, um dos principais intelectuais da época.
O JP atraía a atenção da família Losso e as negociações para a transferência do empreendimento, foram facilitadas graças às boas relações que mantinham com Franco: José Losso fazia anúncios de seus negócios no periódico desde o primeiro exemplar e sua casa lotérica era vizinha do jornal.
No dia 15 de março, a compra do JP por José Losso (e também seus filhos Fortunato Losso Neto e Eugênio Luiz Losso, que mais tarde teriam o negócio em seus nomes, por causa da Segunda Guerra Mundial, já que o cerco se fechou para imigrantes) estava noticiada na primeira página.
Este ano completa 70 anos da família Losso à frente do matutino e para os diretores significa que a cidade recebeu o jornal de braços abertos, porém isso não seria possível se não houvesse credibilidade na notícia.
O primeiro editorial do Jornal de Piracicaba foi escrito por Antonio Pinto de Almeida Ferraz (já se foram quase 109 anos desde sua data de publicação). E o primeiro editorial do Jornal nas mãos dos Losso foi de autoria de Fortunato Losso Neto, que se dedicou por 46 anos ao seu trabalho (e da data de sua publicação já se passaram pouco mais de 70 anos).
'Eis o que poderemos trazer ao Jornal de Piracicaba: a nossa luta, os nossos esforços, para, diuturnamente, procurar manter, dentro de um paradigma de rígida independência, esse nível de incontrastável prestígio e autoridade a que tão sabiamente o elevaram os nossos ilustres antecessores, no seio da sociedade piracicabana'
Marcelo Batuíra C. Losso Pedroso, bisneto de J.R Losso faz uma definição muito interessante e coerente do que faz um jornalista sobreviver tanto tempo: sua independência.
"Jornais vão e vêm com o sabor dos investimentos que lhes são aportados: podem ser bonitos, bem impressos e baratos, podem até ser gratuitos, mas não sobrevivem por muito tempose não tiverem independência e liberdade.
A independência que um Jornal possui lhe outorga um bem sem preço: sua credibilidade.
Jornal sem credibilidade é como um pássaro que não possui asas, um borrão num papel, um quadro sem assinatura, um folheto que se distribui nos semáforos."
A independência que um Jornal possui lhe outorga um bem sem preço: sua credibilidade.
Jornal sem credibilidade é como um pássaro que não possui asas, um borrão num papel, um quadro sem assinatura, um folheto que se distribui nos semáforos."
Referência Bibliográfica e Imagens : 70 anos da família Losso à frente do JP (Caderno Especial). Jornal de Piracicaba. Piracicaba. SP. 3 mar. 2009.
A primeira parte desse texto está copiado na íntegra na prova do concurso público de Piracicaba, realizado hj, dia 21/02/2010!
ResponderExcluirSabiam disso?